quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A porta-bandeira do astronauta

Esta semana, aconteceu algo um tanto mais inusitado que as patalhadas em que nos enfiamos normalmente. Algo um pouco mais ridículo. E, é claro, depois do meu olho roxo no pagode, eu tinha de ser a protagonista novamente. Holofotes sobre mim!!

Estava eu trabalhando tranqüila, sentadinha à minha mesa, convidando alguns jornalistas para a festa de confraternização de fim de ano da associação onde eu e minha amiga Frô trabalhamos. Evento grandioso, com a participação de mais de 2500 convidados, autoridades do setor, as maiores empresas... enfim... party bastante importante em nosso segmento.

Estávamos em uma semana de loucura: fechamento de revista, produção de vídeo institucional, tínhamos de adiantar os jornais das férias, enfim, correria louca, isso sem falar do lançamento do cd da banda que assessoramos.

Em nossa insanidade, fui interrompida pelo diretor de eventos: “Melzinha, você poderia dar uma palavrinha comigo? Tenho uma missão pra você”. Eu pensei “lá vem bomba” porque esse simpático senhor adora me meter em trapalhadas. Na semana anterior, eu tinha passado a maior vergonha quando ele, muito empolgado, me fez falar francês no meio de todo mundo, com o amigo dele internacional, só porque acha bonito. Mas por mais que previsse um grande mico, não podia imaginar a dimensão do ridículo.

“Mel, quero que você entre com a bandeira na frente do astronauta”. Como assim?? Sim, o grande evento, cujo tema era o mundo country, misturava homenageados dos mais incompatíveis: os atletas paraolímpicos, os mentores do museu do Frei Galvão, primeiro santo brasileiro e o astronauta Marcos Pontes, fora da mídia há mais de um ano. Ah, também desfrutamos de um super show de um cover do Elvis Presley. Saaais!

O diretor de eventos explicou: “Quero você de vestido longo, ficará fazendo companhia ao astronauta atrás do palco. Na hora da homenagem, vão dar a volta por trás do salão e entrar no auditório. Você vai à frente balançando a bandeira do Brasil... pra lá... pra cá...; vão entrar pelo meio do auditório, depois da posse da nova diretoria”. Que mico, quase tive um treco. “Você topa, madeimoselle? Não pode ter ninguém melhor. E olha que honra! Vai segurar a bandeira para o nosso cosmonauta tão querido! Orgulho nacional! Vai carregar todo nosso sentimento de brasilidade...”. Eu não sabia como segurar o riso.

Saí da sala dele e corri pra mesa da Frô, que já sabia de tudo e não tivera tempo de me contar. “Quem manda você ser a bonequinha, pelo menos você não terá de entrar vestida de astronauta...”, gozou da minha cara. Puta merda, a assessora de imprensa fazendo sala pro cosmonauta em fim de carreira.E eu que tinha tirado uma da cara da minha amiga Renata, que faz eventos e que ia ficar no palco. Ri dela e a chamei de vaso. Pior era ser a porta-bandeira do astronauta! Saaaaaaaais!

Durante o evento, que demorou muitíssimo pra começar, aconteceu de tudo. E a essa altura, todo mundo já sabia da minha missão espacial. Os comentários eram os piores “lá vai a assessora de imprensa, de roupa de Oscar, carregando a bandeira pro astronauta mais inútil do sistema solar...”.

No momento solene, tudo deu certo. Ele me deu um beijinho no rosto e saímos pelo meio do auditório. Cena tosca, eu com aquela minha típica cara de boneco. Me senti no espaço, flutuando... sensação inesquecível de idiota. Eu era uma palhaça... ainda bem que adoro rir de mim mesma. No caminho de volta para os fundos do evento, vários velhos babões perguntavam “o que tenho que fazer pra você segurar a bandeira do Brasil pra mim até o palco?”. Ainda tive de agüentar essas piadinhas, pode? Saais mineraaais!!