quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A porta-bandeira do astronauta

Esta semana, aconteceu algo um tanto mais inusitado que as patalhadas em que nos enfiamos normalmente. Algo um pouco mais ridículo. E, é claro, depois do meu olho roxo no pagode, eu tinha de ser a protagonista novamente. Holofotes sobre mim!!

Estava eu trabalhando tranqüila, sentadinha à minha mesa, convidando alguns jornalistas para a festa de confraternização de fim de ano da associação onde eu e minha amiga Frô trabalhamos. Evento grandioso, com a participação de mais de 2500 convidados, autoridades do setor, as maiores empresas... enfim... party bastante importante em nosso segmento.

Estávamos em uma semana de loucura: fechamento de revista, produção de vídeo institucional, tínhamos de adiantar os jornais das férias, enfim, correria louca, isso sem falar do lançamento do cd da banda que assessoramos.

Em nossa insanidade, fui interrompida pelo diretor de eventos: “Melzinha, você poderia dar uma palavrinha comigo? Tenho uma missão pra você”. Eu pensei “lá vem bomba” porque esse simpático senhor adora me meter em trapalhadas. Na semana anterior, eu tinha passado a maior vergonha quando ele, muito empolgado, me fez falar francês no meio de todo mundo, com o amigo dele internacional, só porque acha bonito. Mas por mais que previsse um grande mico, não podia imaginar a dimensão do ridículo.

“Mel, quero que você entre com a bandeira na frente do astronauta”. Como assim?? Sim, o grande evento, cujo tema era o mundo country, misturava homenageados dos mais incompatíveis: os atletas paraolímpicos, os mentores do museu do Frei Galvão, primeiro santo brasileiro e o astronauta Marcos Pontes, fora da mídia há mais de um ano. Ah, também desfrutamos de um super show de um cover do Elvis Presley. Saaais!

O diretor de eventos explicou: “Quero você de vestido longo, ficará fazendo companhia ao astronauta atrás do palco. Na hora da homenagem, vão dar a volta por trás do salão e entrar no auditório. Você vai à frente balançando a bandeira do Brasil... pra lá... pra cá...; vão entrar pelo meio do auditório, depois da posse da nova diretoria”. Que mico, quase tive um treco. “Você topa, madeimoselle? Não pode ter ninguém melhor. E olha que honra! Vai segurar a bandeira para o nosso cosmonauta tão querido! Orgulho nacional! Vai carregar todo nosso sentimento de brasilidade...”. Eu não sabia como segurar o riso.

Saí da sala dele e corri pra mesa da Frô, que já sabia de tudo e não tivera tempo de me contar. “Quem manda você ser a bonequinha, pelo menos você não terá de entrar vestida de astronauta...”, gozou da minha cara. Puta merda, a assessora de imprensa fazendo sala pro cosmonauta em fim de carreira.E eu que tinha tirado uma da cara da minha amiga Renata, que faz eventos e que ia ficar no palco. Ri dela e a chamei de vaso. Pior era ser a porta-bandeira do astronauta! Saaaaaaaais!

Durante o evento, que demorou muitíssimo pra começar, aconteceu de tudo. E a essa altura, todo mundo já sabia da minha missão espacial. Os comentários eram os piores “lá vai a assessora de imprensa, de roupa de Oscar, carregando a bandeira pro astronauta mais inútil do sistema solar...”.

No momento solene, tudo deu certo. Ele me deu um beijinho no rosto e saímos pelo meio do auditório. Cena tosca, eu com aquela minha típica cara de boneco. Me senti no espaço, flutuando... sensação inesquecível de idiota. Eu era uma palhaça... ainda bem que adoro rir de mim mesma. No caminho de volta para os fundos do evento, vários velhos babões perguntavam “o que tenho que fazer pra você segurar a bandeira do Brasil pra mim até o palco?”. Ainda tive de agüentar essas piadinhas, pode? Saais mineraaais!!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Patota da Balada – Parte II

Episódio: Causando (estragos) na super balada

Estávamos em quase 10 mulheres! E o nosso amigo quis nos levar para o camarote, mas não tinha pulseirinha para todo mundo. Então, ele pediu que entrássemos com ele... O problema era: se entrássemos uma vez, não daria mais para sair. Decidimos ir assim mesmo.

A pista da casa não era muito grande, mas o destaque era o camarote, dividido em duas partes: uma com sofás e mesas a outra só com bar e uns ‘pufes’ lá fora. Da pista dava para ver tudo, inclusive a escada central.
Sem termos a menor noção dessa divisão, sentamos em um sofá branco que tinha numa parte do camarote e ficamos tirando fotos... De repente vem a garçonete:

-Meninas, vocês podiam sair daqui? É que o pessoal desse camarote chegou!

Pausa...silêncio...cara de ‘socorro, me tirem daqui’... e lá fomos nós para a escada central. À frente dessa escada de uns 20 degraus, tinha um segurança e a pista.

Devido ao constrangimento de tal capítulo, as meninas queriam ir para a pista, mas eu tinha pedido uma Smirnoff Ice (que, a propósito, custou 20 reais!!!!! Que roubo! Rs) e não queria descer antes da garçonete me trazer a bebida.

Ficamos esperando na escada e a garçonete chegou. Abri a latinha e estava prestes a dar um gole na bebida quando, de repente, vejo um vulto em direção ao segurança que estava no final da escada e um pé surge ‘do chão’ e chuta a minha latinha para cima... Hellooooo...eu não podia estar delirando... Tentei olhar ao redor para entender o que estava acontecendo e então vejo a Karla, em câmera lenta, descendo cada um dos 20 degraus de cabeça para baixo. Ela tinha pisado em falso no degrau de madeira e despencava com aquela cabeleira toda escada abaixo. O segurança, de costas para nós, percebe uma movimentação na escada. Quando vira, se depara com a Karlinha rolando... ele então a pega quase pelos cabelos e a levanta... foi a salvação para ela não rolar até o meio da pista. Saaaaaaaaaais Mineraaaaaaaaaaaaaaais!!!!

No meio da confusão, olho ao redor e todos os olhares do lugar estavam em nossa direção... Tá bom, eu confesso que queria saber onde tinha ido parar a minha latinha que, a essa altura, já tinha ensopado a minha roupa e a da Mel. Um fotógrafo aparece no meio da cena, mas não deu para entender se ele estava fotografando o tombo da minha amiga ou a nossa cara de pânico!

Tentamos descer a escada à francesa, mas foi praticamente impossível, sais! Levamos a Karlinha pra enfermaria do lugar (simmm, havia uma!), mas não adiantou muito. Parecia que não podíamos nos esconder nas dependências da casa, que era enorme... Todo mundo olhava em nossa direção.

Não preciso dizer que a super balada acabou para a gente. Mas resistíamos a ir embora, até um cara começar a xavecar a Mel e a Karla implicar com ele. A Karlinha, que num tem tamanho, mas é folgada que só, quase saiu no tapa com ele.

Achamos melhor sair de lá antes de causarmos mais estragos. No dia seguinte, a Karlinha foi ao médico...e passou uma semana com uma tipóia no braço...

E aí, topa ir numa baladinha com a gente??? ;) Saaais Mineraaaaaaaaaaaais!!!!

Patota da balada – parte I

Episódio – Causando antes da super balada

Véspera de feriado de finados, esse calor do cão aqui em São Paulo e eu pensando em algum capítulo da nossa vã existência para publicar neste blog. Lembrei de um pitoresco...

A cena era a seguinte: reunimos a ‘patota’ da mulherada para uma balada. Mas não era qualquer baladinha...era ‘a balada’. Esquema vip, pulseirinha de camarote na faixa... a Mel foi se arrumar na minha casa... depois de algumas horas de produção, blush, batom, escova, chapinha etc e tal... descemos para a garagem 'produzidérrimas' para pegarmos o carro. Brinquei com a Nina, a minha cachorra. Ela fez um agrado e abaixou a cabeça para a Mel fazer carinho nela. Estranhei porque ela nunca foi tão dócil com a Mel, mas... lá estava a minha amiga toda derretida pela cadela... eis que, quando a Mel se virou de costas, a Nina, de sopetão, deu uma bela mordida no bumbum dela – nhoc!

-Ai...a Nina mordeu a minha bunda!

É claro que nenhuma de nós acreditou... eu até percebi uma lágrima no canto do olho da Mel, mas como ela estava de calça jeans, achei que não tinha machucado.
Chegamos na super balada, encontramos um amigo que arrumou o ‘esquema vip’ e entramos. A primeira coisa que a Mel quis foi ir ao banheiro e lá fomos nós. Aí ela me chamou:

-Frô, olha isso aqui!

E abaixou um pouco a calça (homens, mantenham a postura!)
Foi então que vi que a mordida tinha machucado de verdade o bumbum da Mel. Tava quase roxo!
-Nossa Mel, ela nunca foi de avançar em ninguém!

É claro que saímos do banheiro morrendo de rir, mas a noite estava apenas começando...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Feriado farofa – Parte II

Ligamos pra nossa amiga de Santos, em cuja residência nos banharíamos. Ela havia saído. Estávamos lascadas. Meninas à milanesa procuravam uma boa alma que abrisse as portas de sua casa para um banho rápido. Várias tentativas, nenhum candidato. A idéia brilhante de apenas nos trocarmos no banheiro de algum shopping e nos enchermos de perfume foi acatada pelas demais tripulantes do carro sem parcimônia.

Saímos a procurar um shopping center. Encontramos o pior possível, o shopping era horroroso, mas tudo bem, o que importava era que tinha torneira. Saímos do carro de roupa de praia e cheias de sacolas. Todo mundo olhando.

Instalamo-nos no banheiro e fomos logo tirando a roupa, trocando, lavando o rosto, abrindo as mil bolsinhas de maquiagem. Ai, que alívio fazer xixi! Não há quase nada mais gostoso no mundo que o prazer do alívio de esvaziar uma bexiga ultra-mega-blaster apertada. Ufa!

Gabriele se embonecava diante do espelho quando uma senhora estranha, meio mal vestida, com cara de perdida, tocou em suas costas. Apontou para a toalha em cima da pia e perguntou:

- Você baba muito?

Pensei que não estivesse escutando direito, pois minha amiga respondeu com muita naturalidade que não costumava babar. A senhora se enfureceu:

- Pois eu vou quebrar a sua cara!

Olhamos uma para a outra e nos mobilizamos, apressadas, para abandonar o banheiro. Fingimos que nada havia acontecido e a mulher louca saiu nos perseguindo pelos corredores daquele prédio meio antigo. Era a gente subindo a escada rolante e ela olhando lá de cima. Fomos embora logo.

Resolvemos parar num boteco no calçadão. Precisávamos de um aperitivo. Sais, o estresse era tanto... mas até que estávamos bonitinhas, não dava pra acreditar que não tínhamos tomado banho. Pedimos uma caipirinha e uma batida de morango. Rapidinho, vieram 2 jarras enormes de bebida. E agora? Beberíamos tudo aquilo? Viramos e fomos para a baladinha.

Ainda bem que o álcool só começou a me entorpecer quando já tinha estacionado o carro. Mas subiu muito, e como! Só eu e a Frô, porque as outras duas não costumam virar a lata. Estávamos manguaçadas e trocamos segredos que até o diabo duvida. Quando a Frô começou a me chamar de “mano” eu já sabia que ela estava muito mal. Frô me contou suas aventuras mais polêmicas, e eu acabei lhe revelando a história do pirocóptero (nem em seus sonhos mais longínquos queira saber do que se trata).

Encontramos nossos amigos da banda, ainda meio loucas. Discutimos alguns assuntos de trabalho, fingindo-nos sãs. Eles começaram a tocar e a gente caiu na folia!

Meu celular tocou e era meu amigo que tinha ficado pra fora da balada querendo que eu desse um jeito dele entrar. Quando fui até a porta, encontrei um casal de ex Big Brothers ultra famosos. Saaaais mineraaaais! Era mesmo a Mariana Felício e o Daniel Saullo. Lindos! E simpaticíssimos! Esqueci meu amigo. Peguei na mão da Mariana e os puxei pra dentro:

- Vem cá! Vocês precisam conhecer a banda! É fantástica!!

Mariana, toda tímida me achou maluca e a Frô quase teve um treco quando me viu de mão dada com os famosos. “A Mel pirou”, pensou ela e eu li os pensamentos quando olhei praquela cara de bêbada. Huhu! Ficamos amiga da Mariana, que prometeu levar os meninos da banda no Luciano Huck e no Faustão.

Pra terminar a noite, bateram na traseira do meu carro no estacionamento, evento que jamais será esclarecido já que é claro que o esperto do desgraçado não deixou pistas. Preciso contratar um detetive. Alguma sugestão? Saaais mineraaais!

Feriado farofa

Unidas no miserê, falidas, como sempre, mas animadas, decidimos passar o feriado na Baixada. De dia, praia, de noite, baladinha com a banda dos nossos camaradas. Convidamos duas amigas. Frô ia passar em casa com as meninas, elas dormiriam lá e sairíamos cedinho para aproveitar o dia. Só o dia, porque fomos fazer só um “bate e volta”.

Na quinta-feira o calor estava insuportável. Deram umas 10 da noite e nada da Frozinha aparecer em casa. Liguei pra ela, estava presa no trânsito. Demorou umas 5 horas para vir de Osasco até o ABC. Vieram cantando Xuxa e agüentando o calorão no maior alto astral. Chegaram de madrugada, levantaríamos às 6. Nem dormimos.

Enchemos o tanque de álcool e passamos no supermercado para comprar as farofas. Mal tinha amanhecido e em São Paulo estava o maior solzão! Oba! Descemos a serra na maior empolgação. Não pegamos absolutamente nenhum trânsito na estrada, e o tempo começou a dar sinais de nublado.

- Nem liga, na serra é sempre assim mesmo – explicou Gabriele. O dia será lindo!

Chegando em Santos, o tempo continuava horroroso. Demos uma volta e paramos na praia. Pegamos nossas cadeiras. Mas pra que guarda-sol? Tiramos as roupas e nos acomodamos na praia semi-deserta.

- Que tranqüilidade, que maravilha... – comentou Frô.
- Mas eu estou com frio, está ventando – respondeu Karla.
- Hi, nem liga, jajá esquenta.

O tempo ia passando e nós nos inquietando. Nada do sol aparecer, cada vez esfriava mais. Fui me embrulhando em cangas e coloquei minha blusa de lã por cima do biquíni. Putz, estava frio mesmo... Todas começaram a se encolher e se agasalhar e todos os poucos transeuntes que dividiam a praia conosco naquela fatídica manhã começaram a nos olhar receosos.

Abrimos pacotes de bolacha e de salgadinho, todinhos e batatas Ruffles para passar o tempo. Farofa totaaal! Saaaaais! Não tínhamos o que fazer, era quase meio dia e não tínhamos pra onde ir. Era ou esperar o sol ou voltar pra casa. Tocou o celular da Karla. Era o Roberto, moço que ela tem um rolo há vários anos. Ele estava no Guarujá. Decidimos ir pra lá. Quer dizer, era a única salvação de um feriado minguado.

Chegando lá, estava sol!! Claro, o Guaru é muito mais bonito né, muito mais colorido e ensolarado. Nem dava pra comparar. Encontramos o garoto e um amigo muito feio e velho que ficava reparando em nós o tempo todo. A Karla fez o favor de contar pros dois que eu colocara silicone há poucas semanas e que estava estreando na praia naquele dia. Só fiquei sabendo depois, que vergooonha.

A praia estava repleta de homens maravilhosos. Do nosso lado esquerdo, em especial, havia uma rodinha de bonitões que até hoje não esqueço. Acompanhados, é claro. Mas o ápice da tarde ainda estava por vir.

Eis que chegou um grupo de coreanos: muitas pessoas, homens, mulheres e crianças, e a cada minuto chegavam mais e mais que iam se aglomerando à nossa frente. Detalhe, os orientais não têm o hábito de usar sunga, o que tornou aquele momento um tanto quanto peculiar.

Aqueles charmosos seres humanos magrelos e branquelos começaram a despir-se e a exibir suas lindas cuequinhas coladinhas. Até aí tudo bem, pois eu não havia pensado na possibilidade daquelas ceroulas beges molhadas. Quando vi, estavam todos indo em direção ao mar...... ficamos ansiosas esperando que saíssem. Não demorou muito... e foi um show de horror, algo indescritível. Imaginem.... saaaaais!
Decidimos ir embora e descobrimos que o Roberto e o amigo não tinham pagado a conta do quiosque. Sobrara pra nós, que nem tínhamos pedido nada, empanturradas de traquinas que estávamos. Saímos à francesa. Elegantérrimas, divas! Mas eventos piores ainda estavam por vir... saaaais mineraaaais!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Carnaval do Bafoun!!!!

Desde que comecei a trabalhar em rádio, é comum que qualquer pessoa me peça ingressos para determinados shows. Era Carnaval e as minhas amigas estavam desesperadas porque não iriam viajar. Começamos então a tentar planejar alguma coisa para o feriado, que tinha tudo para ser furado. Um amigo meu, coreógrafo que mora no exterior e estava passando uma temporada por aqui, também ia passar o feriado sem fazer nada e queria algo interessante, no mínimo uma baladinha.
Eis que, em plena quinta-feira antes do Carnaval, recebo um e-mail de uma assessora amiga minha me convidando para uma festa que ia acontecer em uma grande casa de shows aqui em São Paulo. Pedi pra ela me mandar a programação e vi que teria um show de uma cantora internacional que tinha feito uma participação no musical Moulin Rouge.
- Nossa, vamos, ela é muito boa! Trabalhei com ela nos Estados Unidos. O show dela é muito bom! Vai ser muito legal. Preciso falar com ela para retomar contato – disse meu amigo coreógrafo.
Como não tinha muita opção para o que fazer no feriado, chamei minhas amigas e lá fomos nós para o show. Ao chegar na porta da casa de espetáculos, pensei:
- Meu Deus...Quanto transformista...será que é assim mesmo? Não que eu tenha nada contra...mas tá meio estranho...
Encontrei minha amiga assessora na porta da casa. Toda sorridente, me entregou os convites e disse:
-Aproveita menina... eles dão um show! Vai ter uma super atração no final que eu não posso contar, mas vai ser super animado!
Lá fomos eu e as meninas e o meu amigo coreógrafo que, a esta altura já tinha arrumado um amigo super gatinho, mas meio esquisitinho, com mania de ficar olhando para o lado a toda hora como se quisesse se livrar de mim e das minhas amigas... Ao chegar no hall de entrada, Isabelita dos Patins entregava panfletos e outras três transformistas super-famosas davam as boas-vindas. Minhas amigas já estavam com uma cara de desespero, deviam estar se perguntando “Onde foi que me enfiei?”. Mas eu ainda tinha a desculpa da entrevista com a tal cantora, então estávamos todos com crachá de imprensa (graças a Deus). Aliás, as meninas faziam questão de quase colocá-lo na testa para mostrar pra todo mundo que estavam trabalhando...
Ao adentrarmos o ambiente principal a cena era a parecida com a do clube das mulheres (não que eu conheça algum, mas...) vários homens mascarados e de sunga dançavam em cima de uma plataforma, enquanto homens e mulheres fantasiados se matavam para passar a mão nos dançarinos. No palco, um DJ com uma peruca gigantesca abria um leque enorme e ficava se abanando...
Então a suspeita se confirmou:
-Meu Deus, é uma festa GLS!
Não sou contra esse tipo de festa, aliás, nunca tinha estado em uma...Minhas amigas, pelo jeito, também não... Cada homem lindo de morrer, com aqueles olhos azuis do Bruno Gagliasso, o sorriso do Reynaldo Gianechini, o charme do Fábio Assunção beijando escandalosamente outro que fazia o tipo Richard Gere...(não estou exagerando...pra três mulheres solteiras era deprimente tanto desperdício). Para piorar, começamos a ser paqueradas por umas garotas que estavam na festa...aí bateu o desespero...
Meu amigo coreógrafo, acostumado com esse tipo de festa (que deve ser comum no mundo fashion que ele freqüenta) estava se sentindo em casa. Chamei-o de canto e disse para irmos para o camarim porque o show da tal cantora internacional deveria começar em instantes.
Pois bem...passamos pela segurança e um produtor super gracinha ficou empolgadíssimo quando eu disse que precisava falar com a cantora porque eu era de uma rádio e estava com um coreógrafo que havia trabalhado com ela... Em instantes a porta do camarim se abriu...e surge a cantora, toda sorridente, com uma roupa que deixava praticamente tudo à mostra, em nossa direção. O camarim estava lotado de amigos da artista, comes e bebes e bailarinos por todos os lados. Pedi para o meu amigo, que já conhecia a moça, entrar na frente e, quando ele já estava praticamente encostado nela, soltou um “ohhh ouuuu”. Eu fiquei pensando o que ele queria dizer com aquilo, quando ele, com um sorriso amarelo, me solta em inglês:
-Olá, lembra de mim? Trabalhei com você em Los Angeles!
E a cantora:
-Eu NUNCA estive em Los Angeles!
Saaaaissss!!! De repente o camarim inteiro estava no mais perfeito silêncio... E meu amigo, tentando ser ‘o simpático’, continua:
-Nossa, então me enganei, mas muito prazer! Já trabalhei com Madonna, Cristina Aguilera, Shakira, vim especialmente para ver o seu show...
A cantora, com um sorriso amarelo, murmura alguma coisa e eles começam a conversar... e eu comecei a sair de fininho, meio desesperada... A esta altura, um cara de mais ou menos 1,80m de altura, fortão, chega ao meu lado, com um sotaque arrastado e começa a puxar papo comigo em inglês...eu e o meu sofrido inglês... lá ia eu pagar mais mico ainda...A sorte é que uma das pessoas que estavam no camarim reconheceu meu amigo e nos levou para um canto do aposento para conversarmos...Não preciso nem dizer que saímos do recinto completamente sem palavras... q vergonhaaaaaaaa...olha o mico, ou melhor king-kong... alguém confundiu as duas cantoras de mesmo nome, ou sei lá o que aconteceu...mas eu tinha certeza de que estava no release que ela era a cantora do Moulin Rouge...Saisss Mineraaaaais!!!!
Voltamos para perto das minhas amigas com uma crise de riso incontrolável... eu morta de vergonha... e as meninas muito pouco à vontade perto de uma das plataformas já queriam desesperadamente ir embora. O amigo esquisito do coreógrafo tinha ido dar uma volta... e eu estava morrendo de vontade de ir ao banheiro. Aí fui perguntar ao segurança:
-Por favor, onde fica o banheiro feminino?
E ele:
-Moça, tanto faz...
-Como assim, tanto faz??
-Tanto faz, é tudo junto!
Saiiis Mineraaais!! Eu nunca tinha ido a um banheiro unissex numa festa GLS... Perdi a coragem... voltei para perto das meninas e de repente percebemos que algumas garotas estavam nos olhando um pouco ‘diferentes’...Só faltava essa para completar a noite... Mas a minha vontade de ir ao banheiro foi aumentando e aumentando até que eu falei pra uma das minhas amigas me acompanhar ao toalete peloamordedeus!!!!
Lá fomos nós...ao adentrarmos o recinto, surpresaaaaa... Um monte de casais se agarrando perto do espelho. Ao lado, duas transformistas retocavam a maquiagem... fomos então em direção aos sanitários, massss...não havia porta!!!! As pessoas fazendo as suas ‘necessidades’ (argh) sem porta! Saiiiis Mineraaaais! Eu é que num ia fazer xixi de porta aberta com aquele monte de gente me olhando...neeeem ferrando. Depois de muito argumentar, minha amiga aceitou ficar na porta do banheiro de costas para mim, fazendo uma espécie de “porta viva”... Não preciso nem dizer que saímos correndo do banheiro.
Mas a noite ainda não havia acabado. Quando nos juntamos de novo aos nossos amigos a ‘surpresa’ tão anunciada pela assessora de imprensa entrou no palco... Adivinhem: era DEISE TIGRONA!!!! E o pior é que minhas amigas se animaram para dançar funk, aliás, já estavam se sentindo quase num legítimo baile funk. Então decidi ficar um pouco mais né...pelo menos para agradar as duas...
E começa a batida do DJ, a multidão se empolga e começa a gritar...todo mundo vai para a frente do palco... e a Tigrona começa a cantar: “Ta ardendo, mas ta entrando, ta ardendo mas ta entrando”... e vem a segunda música: “É minha, é minha a porra da b* é minha”. Meu amigo coreógrafo vira com uma cara de abismado:
-Ela ta falando isso mesmo que eu to ouvindo????
Saaaais Mineraaaais! Pior sempre pode ficar né! Então decidimos ir embora de comum acordo... carnaval mais furado que esse num podia existir... Eu e as meninas fomos embora...meu amigo ainda quis ficar (acreditem se quiser). Pra completar quase tomo um tombo na escada...e na saída as transformistas “Ah, mas vcs já vão??” Saaaaais Mineraaaaaisssss!!!!!