quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Invisible porcaria nenhuma...

Em um desses feriados de novembro fui convidada para ir ao casamento de um amigo. O convite era super chique – daqueles que a gente só vê em revista de noivas. Ele, um engenheiro, empresário, dono de uma balada na minha região, e ela advogada... Seria um super casamento...
Para não fazer feio, tratei logo de procurar um vestido (não podia repetir nenhum dos meus ‘já batidos’). Escolhi um tomara que caia com paetês e, para dar uma ‘levantada no astral’, comprei aquele sutiã (invisible bra ). Duas amigas minhas já tinham usado, disseram que era muito bom, então arrisquei.
Fiz um teste em casa e beleza... era firme, aumentava um pouco os seios...até valorizou o vestido.
No dia do casamento... fiz toda aquela minha cenaaaa...rs... make up, cabelo, etc e tal... estava uma diva no horário combinado. Peguei meu boyfriend e lá fomos nós pra igreja, que era num condomínio super chique aqui perto.
No caminho para a igreja, eis que um tiozinho bate no meu carro... Ele tentou sair da pista da esquerda para a direita sem dar seta e bateu na traseira do meu carro, que estava parado no farol. Eu estava tomando todo o cuidado para não desmanchar meu cabelo com o vento, mas tive que descer no meio da Avenida dos Autonomistas para conversar. E o tiozinho:
-Se quiser fazer BO tudo bem, mas eu num vou pagar nada
Folgadoooo...que ódio mortal que eu fiquei... Já estávamos atrasados pra cerimônia, e não podíamos ir pra delegacia tomar chá de cadeira naquele exato momento...
Pegamos os dados do tiozinho e fomos pra igreja...
Antes da cerimônia começar, me deu um ‘piriri’!!! Meu namorado já estava desesperado... eu tinha entrado no banheiro e num saía mais... E ele andando de um lado pro outro. Depois de uma meia hora eu saio tentando disfarçar... Expliquei o ocorrido e ele tentou me acalmar...
Aí começou a cerimônia... o noivo entrou, os padrinhos, madrinhas, a noiva (que vestido lindo!) e... de repente o fotógrafo começa a registrar os convidados. De repente olho para o meu vestido e vejo um volume abaixo do seio... “o que é isso??”...
Era nada mais nada menos do que o sutiã, que tinha descolado... Saaaais minerais... Eu ficava colocando a mão para tentar esconder, mas precisava arrumar aquilo... De repente senti que o outro lado também estava descolando, e como esse tipo de sutiã num tem mais nada que o fixe, só a colinha adesiva que vem nele, fiquei desesperada.
“Querido, preciso ir ao banheiro”...
Detalhe: o banheiro ficava ao lado do altar... E se eu me levantasse e fosse na maior cara de pau, a igreja inteira ficaria olhando...
Esperei pacientemente chegar a hora do casal de pajem entrar com as alianças... E então, a passos rápidos tentei ir ao banheiro... mas meu salto fez tanto barulho, que a noiva olhou pra mim e me deu um aceno... Acenei e...tcharãn... o outro lado desgrudou... quaseeee que o sutiã cai aos meus pés dentro da igreja e na frente de todo mundo... saaaaaisss!!!
Corri pro banheiro, segurando o sutiã meio desajeitada e tentei lavar, tirar o suor e colar de novo... o sutiã num parava por nada...Depois de uns 20 minutos consegui...ufa...
Voltei para o lado do meu boyfriend (que a essa altura já estava quase tendo um treco), como se nada tivesse acontecido.
A cerimônia acabou, saímos da igreja e, no caminho para o carro, encontro um amigo de tempos. Ele vem pra me dar um abraço e...o sutiã cai... que micoooooooo!
Entrei no carro roxa de vergonha... e meu namorado fazendo piada “Ah pelo menos dá pra usar em alguma festa à fantasia, olha só, parece um olho de ET”... Saaaaaais Minerais!

As trapalhadas das quase professoras

Lembrei-me de uma situação inusitada protagonizada pela Mel...Estávamos no segundo ano da faculdade, quando um dos nossos professores nos deu um trabalho para desenvolvermos em grupo. Era uma espécie de mini-TCC (trabalho de conclusão de curso - pra quem não sabe). Teríamos que escolher uma escola pública e desenvolver um jornal com as crianças. Até aí, nada demais.
Mas o trabalho era mais difícil do que parecia... segundo uma pesquisa apresentada pelo professor, a maioria das crianças das escolas públicas eram analfabetas funcionais, ou seja, sabiam ler, mas não interpretavam o que liam.
Bom, escolhemos um colégio chamado Rodrigues Alves – escola municipal tradicional de São Paulo. Não me lembro quem foi que indicou. Só sei que falamos com a diretora por telefone e ela gostou da idéia. Pediu para irmos até lá para acertarmos como seria desenvolvido o programa. Enfim...
A Mel, toda animada, chegou para o grupo e disse:
- Eu sei onde fica esse colégio!
Detalhe: eu era de Osasco e, no segundo ano da facul, mal conhecia São Paulo. A Mel era de Santo André e um dos integrantes – o Fabinho – era de Campinas... Até tínhamos outros dois participantes paulistanos, mas eles nem se preocuparam em averiguar se a informação da Mel estava correta...
E lá fomos nós...saímos da aula, pegamos o metrô e fomos até o colégio que a Mel tinha dito... Descemos na estação Paraíso e andamos pela Domingos de Moraes até o tal colégio...Era uma casa antiga, azul, com uma faixa enorme na porta sobre inscrições para o supletivo.
A Mel toma a nossa frente e vai direto para a diretoria:
- Por favor a Sra Sônia
- Não tem ninguém com esse nome.
- A Sônia, diretora... Falei com ela por telefone. Somos da Cásper Líbero é sobre o projeto de desenvolver o jornal com os alunos
- Minha querida não tem nenhuma Sônia
- Como não, aqui não é o Rodrigues Alves?
- É sim
- Não é uma escola pública?
Silêncio...
- Acho que vocês erraram de colégio. O Rodrigues Alves a que vocês se referem fica na Avenida Paulista!
Pausa para uma crise de riso minha e do restante do grupo... Estávamos no colégio errado... Tadinha da Mel, ela passava em frente dessa escola todo dia de busão e quis ajudar a gente né... tudo bem que ela também passava em frente ao outro colégio (na Paulista) mas era um mero detalhe...
Bom, pegamos um táxi até o colégio certo (não quisemos arriscar de novo o metrô) e conseguimos enfim falar com a diretora.
Começamos o trabalho algumas semanas depois... Lembro exatamente como se fosse hoje do nosso primeiro dia de “aula”... Estávamos espremidos em uma sala de aula com mais de 80 alunos da 7ª série... imagina só aquele monte de adolescentes no auge da produção de hormônios e a gente tentando controlar essas crianças...
Aos poucos o número de alunos foi caindo. Mas o trabalho foi até gratificante... A matéria de capa do jornal foi de uma aluna que bolou toda uma estratégia para provar que a banca de jornal da frente da escola vendia cigarro para as crianças. Denúncia que rendeu até debates sobre o assunto na escola.
Mas não me esqueço da professora de Português deles – uma japonesa que brigava com a gente a cada aula... Ela ficava corrigindo a gente com regras gramaticais absurdassss!!! Cismava, por exemplo, que as crianças tinham que colocar vírgula toda vez que escreviam, por exemplo: maçã e banana... Saaais Mineraaaais!!!!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Confundida no Palácio do Planalto

Em dezembro do ano passado, o setor para o qual trabalho conseguiu uma audiência com o presidente Lula para apresentar um estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas e pedir investimentos na nossa cadeia produtiva. Meu chefe foi encarregado de fazer a apresentação ao presidente e lá fui eu acompanhar a delegação da associação.
Eram cerca de 350 pessoas que participariam da solenidade e eu era uma das poucas mulheres a acompanhar a delegação.
Chegando no Palácio do Planalto, passamos por todos aqueles detectores de metais e recebemos um adesivo para colar na lapela. Ao chegar no saguão onde aconteceria o evento, corri para encontrar meu chefe, que já estava suando frio.
- Menina, preciso de água!!!
Água? Eu num conhecia nada daquele lugar...onde eu ia achar água? Fiz uma busca pelos andares, mas não havia bebedouros visíveis. Perguntei pra uma senhora de uniforme ela me disse que tinha uma cozinha no terceiro andar...e lá fui eu.
- Boa noite, o presidente precisa de água (é claro que não falei qual presidente, né!)
- Pois não! Só um segundo...
Percebo um burburinho e me vem um cara com uma jarra de vidro imensa e um copo. Subo até onde está meu chefe... ele olha pra mim com os olhos arregalados:
- Onde você arrumou isso?
- Melhor o senhor beber... deixa pra lá
Volto pro meu lugar pra tentar tirar fotos da cerimônia e para ver se está tudo ok com a apresentação. Meu chefe me chama de novo...
- Arranja uma bala pra mim?
Balaaa? Pior ainda...onde eu ia achar uma balaaa??? Saaaais... saí perguntando pras pessoas quem tinha uma mísera bala...ninguém no saguão tinha. Fui até a sala de imprensa...
- Alguém tem uma bala?
Uma jornalista da Globo tira um halls do bolso... ufa, consegui! Vou até meu chefe e coloco a bala no bolso dele. Ele sorri pra mim aliviado...
Tento voltar a atenção para o que tinha que fazer, mas percebo que meu chefe está descabelado e todo suado. Ajeito um pouco a aparência dele e eis que anunciam o presidente Lula e sua comitiva. O presidente estava com dor de garganta e falaria pouco...
Engoli a seco o nervosismo (eu tava ficando mais nervosa que o meu chefe) e voltei ao meu posto – ao lado do cara que cuidava de passar os slides. Meu chefe começa a apresentação, até aí maravilha... de repente começa a subir o buffet e o cara que tinha dado a jarra de água pra mim vem em minha direção...Saais minerais!!!
- Moça, onde eu coloco os copos??
Ele tava perguntando pra mim!!! Eu lá sei!!! No mínimo tava me confundindo com alguém do cerimonial. Tentei disfarçar...
- Coloca ali daquele lado!
E meu chefe falando e olhando pra mim com os olhos arregalados sem entender nada.
Continuo na minha, e de repente vejo o Lula fazendo sinal e me chamando...
- Ai meu Deus!! O que será que ele quer?
Olhei pro lado, para trás...e num tinha ninguém...ele tava me chamando mesmo.
Com toda classe, lá vou eu... passo por trás de todos os ministros e abaixo pra ouvir o presidente falar no meu ouvido:
- Me arruma um copo de água sem gelo, por favor.
Meu chefe quase tem um treco no púlpito. Devia estar pensando o que a ‘louca’ da assessora de imprensa dele estava fazendo...
Eu, na maior cara de pau, fui lá, peguei o copo d’ água e entreguei pro presidente. Depois voltei ao meu posto com a maior naturalidade.
Dias depois, recebo o clipping do programa da NBC com o evento na íntegra. E, percebo que o tempo todo eu estava na frente da câmera (só pra ajudar)... No dvd tem eu desfilando com meu terninho creme na frente da câmera, falando pro cara do buffet onde colocar as coisas e tem a cara de assustado do meu chefe quando o presidente me chamou...kkkk...Ai ai ai, nada como ser confundida em pleno Palácio do Planalto! Saaais Mineraaais!!!!