quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

As trapalhadas das quase professoras

Lembrei-me de uma situação inusitada protagonizada pela Mel...Estávamos no segundo ano da faculdade, quando um dos nossos professores nos deu um trabalho para desenvolvermos em grupo. Era uma espécie de mini-TCC (trabalho de conclusão de curso - pra quem não sabe). Teríamos que escolher uma escola pública e desenvolver um jornal com as crianças. Até aí, nada demais.
Mas o trabalho era mais difícil do que parecia... segundo uma pesquisa apresentada pelo professor, a maioria das crianças das escolas públicas eram analfabetas funcionais, ou seja, sabiam ler, mas não interpretavam o que liam.
Bom, escolhemos um colégio chamado Rodrigues Alves – escola municipal tradicional de São Paulo. Não me lembro quem foi que indicou. Só sei que falamos com a diretora por telefone e ela gostou da idéia. Pediu para irmos até lá para acertarmos como seria desenvolvido o programa. Enfim...
A Mel, toda animada, chegou para o grupo e disse:
- Eu sei onde fica esse colégio!
Detalhe: eu era de Osasco e, no segundo ano da facul, mal conhecia São Paulo. A Mel era de Santo André e um dos integrantes – o Fabinho – era de Campinas... Até tínhamos outros dois participantes paulistanos, mas eles nem se preocuparam em averiguar se a informação da Mel estava correta...
E lá fomos nós...saímos da aula, pegamos o metrô e fomos até o colégio que a Mel tinha dito... Descemos na estação Paraíso e andamos pela Domingos de Moraes até o tal colégio...Era uma casa antiga, azul, com uma faixa enorme na porta sobre inscrições para o supletivo.
A Mel toma a nossa frente e vai direto para a diretoria:
- Por favor a Sra Sônia
- Não tem ninguém com esse nome.
- A Sônia, diretora... Falei com ela por telefone. Somos da Cásper Líbero é sobre o projeto de desenvolver o jornal com os alunos
- Minha querida não tem nenhuma Sônia
- Como não, aqui não é o Rodrigues Alves?
- É sim
- Não é uma escola pública?
Silêncio...
- Acho que vocês erraram de colégio. O Rodrigues Alves a que vocês se referem fica na Avenida Paulista!
Pausa para uma crise de riso minha e do restante do grupo... Estávamos no colégio errado... Tadinha da Mel, ela passava em frente dessa escola todo dia de busão e quis ajudar a gente né... tudo bem que ela também passava em frente ao outro colégio (na Paulista) mas era um mero detalhe...
Bom, pegamos um táxi até o colégio certo (não quisemos arriscar de novo o metrô) e conseguimos enfim falar com a diretora.
Começamos o trabalho algumas semanas depois... Lembro exatamente como se fosse hoje do nosso primeiro dia de “aula”... Estávamos espremidos em uma sala de aula com mais de 80 alunos da 7ª série... imagina só aquele monte de adolescentes no auge da produção de hormônios e a gente tentando controlar essas crianças...
Aos poucos o número de alunos foi caindo. Mas o trabalho foi até gratificante... A matéria de capa do jornal foi de uma aluna que bolou toda uma estratégia para provar que a banca de jornal da frente da escola vendia cigarro para as crianças. Denúncia que rendeu até debates sobre o assunto na escola.
Mas não me esqueço da professora de Português deles – uma japonesa que brigava com a gente a cada aula... Ela ficava corrigindo a gente com regras gramaticais absurdassss!!! Cismava, por exemplo, que as crianças tinham que colocar vírgula toda vez que escreviam, por exemplo: maçã e banana... Saaais Mineraaaais!!!!

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